Compra Premiada Eletromotos: O sonho que pode virar pesadelo

                                          O cabeleleiro Heney Caio: "Paguei e não recebi"

A esperança de adquirir um bem material de maneira mais fácil e poder até mesmo contar com uma ajuda extra da sorte, leva diariamente centenas de pessoas a comprarem as chamadas “cotas” de empresas que atuam no ramo de compra premiada, aparentemente, uma espécie de poupança forçada, que através da realização sorteios mensais, prega a possibilidade da quitação de automóveis, motocicletas e eletros mediante o pagamento de apenas uma parcela.

Conhecido popularmente como “Quita já”, a modalidade que mistura consórcio com sorteio surgiu na década passada, com a promessa de garantir a realização de sonhos materiais através da aquisição de bens de consumo mediante o pagamento de parcelas, sendo que, se sorteado, o cliente não precisa mais pagar. Tudo parecido com sonho, exceto se o cliente dedicar um pouco de sua atenção a leitura das clausulas contratuais, ou das regras não presentes no contrato. Por exemplo: Em grupo de 48 pessoas, se cliente sorteado encontrar-se em atraso ou se o número sorteado não tiver dono, o premio poderá ser da própria empresa administradora. As empresas que atuam no ramo pregam ainda a impossibilidade de devolução de parcelas pagas em caso de desistência.

A intensa propaganda e promessas de vantagens e da aquisição de bens de forma fácil e, possivelmente rápida, levaram o aposentado José Neres Oliveira a definir um novo destino para as suas economias, deixando de investir no bem estar de sua família, preferiu adquirir uma cota que possibilitaria a realização de um sonho esperado há muito tempo: a aquisição de uma motocicleta. O reajuste das parcelas, que começaram a serem pagas em 2007 no valor de 160 reais e atualmente é de 190 reais, não seria motivo para frustração. O que atormenta o aposentado, que já pagou 45 das 48 parcelas, é a incerteza do recebimento do bem, um dilema vivenciado por milhares de clientes de uma empresa de compra premiada com sede em Presidente Dutra e filiais em Tuntum, Dom Pedro, São Domingos do Maranhão e São João dos Patos, que há cerca de cinco meses começou a adiar sorteios e prolongar a entrega de bens quitados e de clientes contemplados nos sorteios. A postura adotada pela empresa fere uma das clausulas do contrato, que estipula um prazo máximo de 30 dias para entrega do bem. José Neres afirma ter investido na empresa depois de ver uma grande quantidade de clientes que foram comtemplados. “Tudo estava correndo bem até que o dono da empresa desapareceu, daí pra frente apareceram vários gerentes. Mas agora os funcionários se negam a dar qualquer explicação sobre o que está acontecendo”- relatou o aposentado.

Segurando em suas mãos, os carnês de pagamento de 3 motocicletas totalmente quitadas, o cabeleleiro Heney Kaio Figueiredo Rodrigues, 36 anos, lamenta que o seu cuidado em procurar conhecer o dono da empresa e esperar a que ela se estabilizasse na cidade, para começar a fazer investimentos, não foram suficientes para livra-lo da incômoda impressão de ter sido lesado, contabilizando possíveis prejuízos que ultrapassam 17 mil reais. “Acreditei na empresa, mas agora eles sumiram, estão agindo de má fé” – sentencia.

Os valores de investimentos de clientes da compra premiada, que encontram-se descontentes com a postura evasiva da empresa, podem superar 7 milhões de reais, envolvendo cerca de 2500 clientes na região de Presidente Dutra.

    José Neres e a impressão de estar sendo enganado

Depois do dia 28 de abril a sede compra premiada mostrada na matéria não funcionou devido ao grande número de clientes insatisfeitos que se mobilizaram em frente ao prédio da empresa. No dia 27, um funcionário chegou a acionar a Polícia Militar para conter o grande número de manifestantes.